Armindo de Castro agora é Armindo Torres, uma homenagem ao pai Seu
Torres .FOTO:MAWF-OJR,M
Antônio Armindo de Castro Torres nasceu em Recreio, MG,
13/06/1946. Filho adotivo de José Heleno Torres e Anália de Castro Torres ( já
falecidos ) .No seu livro Atrás do Copo de Cerveja, 1978, adotou o nome
literário de Armindo de Castro, antes em suas colaborações para o JR, que
ajudou a fundar, assinava Moreira de Lima, mas depois passou a identificar suas
criações literárias, com ARMINDO TORRES, para homenagear o pai que o adotou e que foi pra ele seu
grande incentivador por proporcionar-lhe toda educação necessária e um lar onde
a leitura era constante . O seu livro de
contos ATRÁS DO COPO DE CERVEJA está comemorando 40 anos. Diversas vezes o
livro foi artigos aqui no nosso OJR,M devido a sua importância para o
enriquecimento da cultura recreiense por ser o autor um filho da terra. Mas o
que ainda não foi publicado aqui é sobre a origem desse nosso conterrâneo e
irmão de arte. Há muito, o nosso jornal de Recreio ( O JORNAL DE RECREIO,Minas
) quer contar esta história mas por um ou outro motivo não foi publicada e
agora é feito pois partiu do próprio Armindo o pedido pra que a sua história
fosse divulgada em jornal. Deixemos que o próprio Armindo conte sua
história :
“FILHO DE MENDIGA,
ENSINO MÉDIO APENAS, É O PRIMEIRO ESCRITOR RECREIENSE NUMA ENCICLOPÉDIA DE
LITERATURA???
Sou filho de Maria
Moreira de Lima, mendiga que perambulava por Recreio e região, comigo ( cinco
ou seis anos ) e minha irmã Maria das Graças ( a Dadaça, bebezinha ainda ). Me
lembro, as pessoas pediam : dá esse menino pra mim, mas ela, mãe de verdade,
nunca me deu pra ninguém. No dia 14 de março de 1952, passou mal e foi
encontrada caída à beira da linha férrea na Volta da Ferradura. Fomos
transportados num trólei até a atual Praça Américo Simão, onde fui adotado por
José Heleno Torres, a Dadaça ( posteriormente, no mesmo dia) , levada pela
Sissi, filha do Seu Camilo ( da Leiteria) que a adotou. Nossa mãe foi conduzida
para o hospital de Leopoldina, onde morreu.”
E a Enciclopédia em que o Armindo Torres aparece, é a
ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, 1990, editada pelo MEC, 2 volumes, e ele
aparece no volume 1, páginas 267 e 409. Sua citação , na enciclopédia , está
entre os autores Aristófanes de Castro e de Augusto de Castro, com o nome de
Armindo de Castro, que foi o nome usado na sua obra Atrás do Copo de Ceveja, na
ocasião, e é a seguinte:
“CASTRO, Armindo de ( Antônio A. de C. Torres, Recreio.MG, 13 JUN. 1946
-), contista, func. Caixa Econômica de MG em Laranjal. BIBL.:Atrás do Copo de
Cerveja, 1978 ( contos ). REF.: Fernandes Escritores, 1978, p. 105”.
40
ANOS DE ATRÁS DO COPO DE CERVEJA
Já falamos aqui dos comentários que Armindo Torres recebeu
de grandes escritores da literatura nacional sobre sua obra e também de suas
publicações em antologias e em sua participação em enciclopédia de Literatura
Brasileira. Pra ilustrar mais uma vez seu grande sucesso em crítica literária,
leia o que Wander piroli ( 1931-2006) falou, na ocasião, através de carta enviada
ao autor .
“ Demorei, mas li o seu “Atrás do Copo de Cerveja”. Ler
hoje, com tanta coisa pra fazer, você
sabe que está ficando cada vez mais difícil. Gostei do seu batidão, da maneira
incisiva com que você trabalha em cima de coisas miúdas do dia a dia. Isso é
bom. Principalmente agora que estamos com o saco cheio de tanta frescurada
estética e esperneios formais. Recreio e Laranjal. Fui ver as duas cidades no
mapa. A gente fica enfurnado aqui em Belo Horizonte e não conhece merda nenhuma.
É como disse Guimarães Rosa, Minas não
acaba mais. Em separado estou lhe enviando meu último livrinho pra menino : -
“Macacos me mordam” – uma porcaria. Um forte abraço do Wander Piroli.”
Wander
Piroli é um dos símbolos do que ficou conhecido como boom dos contistas nos anos 1970. Ele, também mineiro, mas de Belo Horizonte,
deve ter se encantado com o livro Atrás do Copo de Cerveja do escritor
recreiense por que os textos de Wander Piroli são tomados por personagens
vivendo vidas ordinárias, comuns. ‘’ Seus textos eram tomados por personagens
vivendo vidas ordinárias, comuns; são os
trabalhadores de sol a sol, os
malandros, as prostitutas e os “náufragos da noite”, como caracterizava os
tipos com que conviveu na infância e juventude’, escreve o jornalista André de
Oliveira, para o EL PAIS, sobre Wander. Marçal Aquino deixou registrado que
“Os contos de Wander Piroli eram relatos
diretos e contundentes sobre gente de carne e osso, tinham sempre uma carga humana,
sem nunca esquecer de olhar ao redor.”
Otto
Lara Resende, na Globo durante o Fantástico, falou sobre O Menino e o Pinto do
Menino e aí as vendas estouraram”. Em 2001, O
Menino e o Pinto do Menino e o Os
Rios Morrem de Sede , os dois livros estavam na 32ª edição com 150.000
exemplares vendidos. Alguns de seus livros de sucesso: A mãe e o filho da mãe, Minha Bela Putana, Macacos me mordam , A
máquina de fazer amor, É proibido comer a grama, O Matador
)
Caio Porfírio Carneiro ( 1928/2017) escreveu nos principais
suplementos do País, com ficção e crítica literária. Assinou a apresentação de
dezenas de obras, dos mais diversos gêneros. Publicou 22 livros nos gêneros
conto, novela, romance, poesia, memória e literatura infanto-juvenil. Alguns
deles alcançaram várias edições.
O romance O Sal da
Terra foi traduzido para o italiano, árabe, francês e adaptado para o
cinema. O de contos Os Meninos e o
Agreste ganhou o Prêmio Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras, e O Casarão, contos, ganhou o Jabuti, da
CBL. Contos seus estão incluídos em duas dezenas de antologias do gênero e
traduzidos para o espanhol, italiano, francês, alemão e inglês. Dentre outros
sucessos, escreveu Trapiá; Viagem sem Volta ; Os Dedos e os Dados; Uma Luz
no Sertão ; Dias sem Sol.
Caio Porfirio também leu ATRÁS DO COPO DE CERVEJA do
escritor recreiense Armindo. Depois de receber um exemplar do autor, enviou-lhe
a seguinte carta :
‘’Só agora, com calma,
pude ler o seu excelente livro Atrás do Copo de Cerveja. Confirmo a qualidade,
porque os contos todos eles são bons (...) você domina os temas com segurança e
os diálogos caem com grande senso de oportunidade. Propende você às vezes para
o anedótico como em A Prova e isto no conto moderno acredito ser já um tanto
superado - é opinião pessoal. Mas você
supera isto grandemente em Fé, Identidade, O poço e outros trabalhos . A
linguagem, por outro lado, é dinâmica viva ricamente impressionista. ( ... )
Meus renovados parabéns ... li o seu livro de um fôlego e me deu ele momentos
de verdadeira palpitação . Caio Porfirio, SÃO PAULO ,14 DE JUNHO DE 1978’’,
Aníbal Werneck de Freitas, autor da capa do Atrás do Copo de Cerveja. Aníbal
tem publicado na internet diversas músicas de sua composição de parceria com o
letrista Armindo Torres